Ruy Cinatti nasceu em Londres, a 8 de Março de 1915. Em criança veio para Lisboa e formou-se em Agronomia. Foi meteorologista, secretário do Governador de Timor, chefe dos serviços agronómicos no mesmo território e investigador da Junta de Investigação do Ultramar. Doutorou-se em 1961 na Universidade de Oxford, em Antropologia Social e Etnografia.
Foi cofundador, em 1940, de Os Cadernos de Poesia, e em 1942 da revista Aventura. Recebeu diversos prémios pela sua obra poética, entre eles o Prémio Nacional de Poesia, em 1968.
Faleceu em Lisboa, a 12 de outubro de 1986.
Quando o amor morrer dentro de ti Quando o amor morrer dentro de ti, Caminha para o alto onde haja espaço, E com o silêncio outrora pressentido Molda em duas colunas os teus braços. Relembra a confusão dos pensamentos, E neles ateia o fogo adormecido Que uma vez, sonho de amor, teu peito ferido Espalhou generoso aos quatro ventos. Aos que passarem dá-lhes o abrigo E o noturno calor que se debruça Sobre as faces brilhantes de soluços. E se ninguém vier, ergue o sudário Que mil saudosas lágrimas velaram; Desfralda na tua alma o inventário Do templo onde a vida ora de bruços A Deus e aos sonhos que gelaram. Ruy Cinatti, in “Obra Poética”
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