No passado dia 8 de novembro, 47 alunos do 10.º ano (das turmas J, L e M) deslocaram-se ao Porto para participarem numa experiência imersiva sobre o mundo do artista espanhol Salvador Dalí e também para percorrerem alguns dos lugares mais emblemáticos da cidade, acompanhados pelos professores de espanhol do Agrupamento.
Salvador Dalí (1904-1989, Figueres, Catalunha, Espanha) é uma das figuras mais conhecidas da arte surrealista, a cujo grupo se juntou em 1929, depois de se ter deixado influenciar pela psicanálise de Freud e de ter assistido a conferências de personagens tão relevantes como, por exemplo, Albert Einstein, cujos pensamentos não deixou de refletir nas suas obras. Desde cedo se destacou pela sua criatividade, por desafiar a realidade convencional e por adotar um estilo extravagante e delirante. Como foi possível ler na exposição, sendo várias as citações seguidamente apresentadas, “O olhar de Dalí é inquieto, curioso, visionário, interessa-se por tudo e quer saber tudo, procurando insistentemente a verdade e a beleza através da ciência e da inspiração”. Foi um artista obcecado pela terceira dimensão: altura, largura e profundidade. Nos seus quadros, refletia uma imaginação fortemente influenciada pelos fenómenos científicos, rompendo “os limites da superfície plana com ilusões de ótica surpreendentes, imagens duplas e conteúdos secretamente escondidos”, caraterísticas tão próprias do surrealismo. Na arte de Dalí, nem tudo é o que parece ou melhor dizendo: tudo é mais do que parece. Além disto, o ideal estético de Dalí assenta na “geometria sagrada”, onde descobrimos formas que se organizam sob uma geometria secreta que alia a ciência e a fé. Importa dizer que Dalí juntava dois conceitos que, não raras vezes, são opostos: a razão e a fé. “Reproduzia nas suas obras a estrutura e o funcionamento do Universo. Para ele, as leis científicas eram ‘divinas’ e justificavam uma vida após a morte que nos torna imortais”. É como se Deus fizesse geometria, para lembrar as palavras de Platão.
Salvador Dalí foi um artista muito avançado para o seu tempo, não só pelo que anteriormente se disse, mas também pelo facto de, já em 1928, numa entrevista à revista Estampa, ter afirmado que, no futuro, “as máquinas seriam capazes de pensar por si próprias, e até de criar arte”, prevendo uma visão que hoje já se torna realidade graças à inteligência artificial. Dalí revelou um grande interesse pela linguagem cibernética e pelos sistemas de representação gráfica, fazendo “avançar o que ainda hoje estamos a explorar sob a categoria genérica de artes digitais e imersão”. Assim, foi a um Dalí digital e imersivo que os alunos do AECCB puderam assistir na visita do dia 8 de novembro, imergindo numa obra que procurou representar o Teatro-Museu Dalí de Figueres que se inaugurou em 1974, altura em que a sociedade ocidental assistiu ao nascimento da cultura de massas. Tal como no Teatro-Museu de Figueres, o visitante está literalmente imerso numa obra de arte viva, numa experiência que é um verdadeiro “ritual dionisíaco”, ou seja, numa experiência “estética e transcendental total, transformadora do seu espírito”.
Para mais informações sobre Salvador Dalí, consulte-se esta página:
Salvador Dalí: Biografía, obras, logros y cronología
Marcelino Leal
(coord. do subdepartamento de Espanhol)
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