Não é sobre os teus olhos azuis, Nem sobre o castanho do teu cabelo. Não é sobre o teu jeito para futebol, Nem sobre não o teres para cozinhar. Não é sobre as flores que me dás, Nem sobre os elogios a que me habituaste . Não é por causa disso, nem nunca foi! Porém, não posso deixar de dizer que Foi pelos teus olhos brilhantes, Pelo teu cabelo encaracolado, Pelas conversas douradoras, Pelas aventuras compartilhadas, Pelos sorrisos à toa, E trocas de olhares infindáveis, Que por ti me apaixonei. Amar-te? Amei Quando te vi brincar com os nossos filhos. Quando, mesmo cansado, me ajudas. Quando vejo que as minhas melhores histórias são contigo. Quando vejo a família fantástica que juntos criámos. Quando olho para ti e vejo o homem que em tempos sonhava. E embora agora tenhamos sessenta anos, Ainda consigo gostar mais de ti do que há quarenta anos. Mesmo que o cabelo castanho tenha desaparecido, Mesmo que a tua pele já não seja a mesma. Mesmo que já não jogues à bola E ainda não saibas cozinhar. Mesmo que as flores tenham murchado E os elogios permanecido. Porque o tempo levou com ele a juventude, mas deixou o companheiro dos meus sonhos.
Vagueio pela carruagem do comboio Os vários perfumes invadem o meu nariz Vejo uma senhora que borda Vejo amor no seu bordado O homem que avisto ainda está adormecido E nele imagino um banqueiro Aquele senhor idoso sentado junto à janela Faz-me viajar pelo que penso ter sido a sua vida Viajo por uma vida de trabalho árduo e na sua cara doce vejo compaixão Metade da carruagem é ocupada por estudantes Uns com a pressa de chegar ao seu trabalho Outros com a calma de ser apenas mais um dia E eu Eu avisto todos eles e deixo-me levar por aquilo que me oferecem Eles deixam-me viajar por mundos diferentes do meu mesmo que sejam ilusões Eles permitem-me fazer da viagem um livro E eu Eu permito-me analisá-lo
Jéssica Barbosa Rodrigues do 12ºC.
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